Os consumidores brasileiros terão de pagar
R$ 20,105 bilhões em subsídios embutidos na conta de luz no ano que
vem. O valor representa um aumento de 24% no que foi pago por todos os
consumidores em 2019 e terá impacto de alta de 2,4% nas tarifas, de
acordo com Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Diversos subsídios são bancados pelo
consumidor – para permitir que alguns grupos recebam descontos, os
usuários pagam um valor a mais nas tarifas de energia. Entre os
beneficiários estão consumidores de energias renováveis como solar e
eólica, produtores de carvão mineral, agricultores, irrigantes, empresas
de água e saneamento e usuários de baixa renda, entre outros.
Ao todo, o orçamento desses subsídios será
de R$ 21,912 bilhões em 2020, mas o repasse aos consumidores será um
pouco menor, de R$ 20,105 bilhões, porque a Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE), fundo que reúne esses programas, tem receitas
próprias.
A maior despesa da CDE em 2020 será a
compra de diesel para abastecimento de usinas termoelétricas nos
Sistemas Isolados do País, principalmente na Região Norte. Serão R$ 7,5
bilhões em 2020, ante R$ 6,3 bilhões em 2019, parte motivada pelo
aumento de preços do combustível, parte por uma mudança na legislação do
ICMS no Estado do Amazonas.
Desse total, R$ 1,6 bilhão será destinado
para abastecer Roraima no ano que vem. O custo de abastecimento do
Estado tem sido crescente: era de R$ 600 milhões em 2018 e subiu para R$
1,2 bilhão em 2019. O motivo é o fim do abastecimento de energia por
parte da Venezuela.
O diretor-geral da Aneel, André Pepitone,
destacou que esse custo pode ser reduzido a partir de junho de 2021,
quando entrarem em operação usinas mais eficientes, contratadas em um
leilão de suprimento específico para Roraima.
Ele reiterou a necessidade de revisão dos
subsídios embutidos na conta de luz, particularmente do concedido a
consumidores de energia incentivada.
Esses usuários têm direito a desconto de
50% nas taxas de uso da rede, custo que é repassado aos demais
consumidores e que resultará em R$ 3,241 bilhões para a conta de luz em
2020.
A CDE tem impacto diferenciado por regiões
e por tipo de consumidor. No Norte e Nordeste, consumidores de alta
tensão terão aumento de 2,53%; média tensão, de 1,10%; e baixa tensão,
de 0,88%. No Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o impacto para clientes de
alta tensão será de 3,45%, para a média tensão, 2,71%; e baixa tensão,
de 2,03%.
A CDE é um dos componentes das tarifas de
energia. Além dos subsídios, também integram a conta de luz custos de
geração, transmissão, distribuição e impostos. Esse cálculo é feito uma
vez por ano pela Aneel.