O governo pretende iniciar as obras de
extensão do linhão de Tucuruí, para interligar Roraima ao sistema
elétrico nacional, até o próximo dia 30 de junho. Segundo o porta-voz da
Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, os trabalhos devem durar
três anos. O tema foi discutido ontem em reunião do Conselho de Defesa
Nacional, no Palácio do Planalto.
O governo pretende acelerar trâmites
burocráticos, como a concessão de licenças ambientais, para permitir o
início no menor prazo possível da obra, que atravessa uma reserva
indígena da etnia Waimiri-Atroari.
Os indígenas serão consultados, segundo
Rêgo Barros, mas a soberania nacional será colocada “acima de outras
questões que podem travar esse processo”.
A extensão do trecho Manaus-Boa Vista do
linhão é uma antiga reivindicação local. Roraima é o único Estado
brasileiro que não está interligado com o sistema elétrico nacional e
depende da energia produzida na hidrelétrica de Guri, na vizinha
Venezuela. Uma outra parte advém da produção de termelétricas a diesel
instaladas no Estado.
A prolongada crise econômica do país
vizinho e, mais recentemente, a deterioração nas relações entre Brasília
e Caracas tornaram a obra mais urgente. Roraima continuará usando a
energia venezuelana enquanto o linhão não estiver concluído.
O linhão seguirá o traçado da BR-174, o
que facilitará a concessão de licenças ambientais para a obra. Nos
decretos de demarcação e homologação da área indígena Waimiri-Atroari,
estipulou-se que ficaria excluída da reserva uma faixa de 50 metros às
duas margens da rodovia que atravessa esse território – a chamada área
de domínio.
Após a reunião do conselho, Bolsonaro
reuniu-se com a bancada de Roraima para anunciar que o linhão finalmente
sairá do papel. Participaram do encontro os ministros do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, e o de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Segundo o senador Mecias de Jesus (PRB-RR), Salles disse no encontro que tentará acelerar o processo de concessão de licenças.
Em 2018, o Ministério Público Federal
(MPF) emitiu recomendação ao governo para que não autorize a obra sem
consentimento dos indígenas. “O não atendimento das providências
apontadas ensejará a responsabilização dos destinatários e dirigentes
recomendados por sua conduta comissiva ou omissiva, sujeitando-os às
consequentes medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis”, disse o MPF.