Investidores buscaram alternativas competitivas em substituição ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
O Brasil fechou nesta semana a contratação de novas usinas de energia eólica e de geração solar a preços menores que os de hidrelétricas, que são tradicionalmente o carro-chefe e a mais barata fonte de produção de eletricidade no país.
Os resultados, em leilões de energia na segunda e nesta quarta-feira, foram impulsionados pela disputa entre empresas e por crédito externo, com investidores em busca de alternativas competitivas em substituição ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tradicional fonte de recursos para infraestrutura no país, segundo autoridades.
As licitações registraram fortes deságios ante os preços teto estabelecidos pelo governo e evidenciaram um grande interesse pela construção de empreendimentos, com investimentos previstos de mais de 18 bilhões de reais e que deverão ser entregues entre 2021 e 2023, adicionando cerca de 4,5 gigawatts à matriz elétrica.
O resultado mostra ainda que o governo pode ter uma tarefa mais fácil em redirecionar os investimentos do setor elétrico para fontes renováveis como eólica e solar, em revisão de uma política que antes previa priorização de hidrelétricas.
Entre os vencedoras da concorrência destacaram-se multinacionais como a italiana Enel, a norte-americana AES e a portuguesa EDP, que mostraram intenso apetite por investimentos renováveis nos primeiros leilões para projetos eólicos e solares desde 2015, após o governo cancelar licitações no ano passado devido à falta de demanda por eletricidade em meio à crise financeira do país.
“Tivemos quase dois anos sem leilão, então isso faz com que os fornecedores… mergulhem o preço, e isso ajuda a explicar o preço baixo. Mas ainda assim, se você me perguntasse duas semanas atrás, eu não esperaria que rompessem patamares tão baixos”, disse à Reuters o diretor da consultoria Excelência Energética, Erik Rego.
“A conjuntura favoreceu, a taxa de juros está caindo, isso acaba interferindo no resultado”, acrescentou o consultor.
Leia sobre este assunto:
Brasil contrata usinas eólicas e solares com ajuda externa