O volume de energia gerado pela
hidrelétrica de Itaipu em agosto deste ano superou o recorde registrado
em julho, configurando o melhor mês de produtividade da binacional.
Foram obtidos 1,1003 megawatts médios por metro cúbico de água por
segundo, ante 1,0997 MWmed/m³/s aferidos no mês anterior. Segundo
Itaipu, a produtividade de julho havia sido arredondada de 1,0997
MWmed/m³/s para 1,100 MWmed/m³/s. No entanto, para efeito comparativo
com a de agosto, foi necessário utilizar mais uma casa decimal, deixando
clara a ligeira superioridade do último mês: 1,1003 MWmed/m³/s contra
1,0997 MWmed/m³/s.
O recorde ocorre em um cenário bastante
difícil para a produção de energia, mas o aproveitamento hídrico tem
sido praticamente total. O índice de produtividade identifica a
quantidade de energia que é produzida com um mesmo volume de água que
passa pela turbina. Portanto, quanto maior o número mais energia se
produz com a mesma água disponível. Em meses com poucas afluências, como
tem sido o caso, este índice elevado é ainda mais significativo.
O diretor técnico executivo, Celso Torino,
explica que os ganhos de performance estão sendo obtidos dando-se
preferência para operação das unidades geradoras em sua faixa de maior
produtividade durante a maior parte do tempo. Segundo ele, essa é a
chamada faixa ótima de operação e inclui o ponto ótimo de operação,
aquele valor único de potência que tem o maior rendimento possível.
“Este ponto ótimo é variável ao longo do dia, conforme ocorre a mudança
no valor da queda bruta de água (diferença entre a altura do
reservatório, a montante, e o Rio Paraná, a jusante)”.
A faixa ótima de operação tem pequena
diferença de performance em relação ao ponto ótimo e apresenta, em todos
seus valores de produção, pelo menos seis vezes mais eficiência que o
mínimo ou o máximo de operação de cada unidade geradora. Na última
terça-feira (3), por exemplo, a faixa encontrava-se entre 560MW e 690MW.
A busca pelo melhor desempenho no processo
de produção de energia ocorre desde a etapa de programação, na
tentativa de atender os valores de energia solicitados por Eletrobras
(por meio do Operador Nacional do Sistema – ONS) e Ande (empresa pública
que opera os sistemas de geração e transmissão de energia no Paraguai)
com a quantidade de unidades geradoras que estejam na faixa ótima de
operação. Isso tudo mantendo, ao longo do dia, o número adequado de
unidades geradoras ligadas para essa produção. Desta forma se obtém o
menor consumo de água.
Para tanto, os ajustes são feitos pelos
programadores da binacional, com ajuda do sistema ProgE, que indica a
faixa ótima e qual a correção deve ser feita para atingir tal resultado.
O sistema foi desenvolvido pela equipe de programação energética da
Divisão de Programação e Estatística da usina. Negocia-se então com as
entidades compradoras para permanecer nestes valores. Eventualmente, uma
pequena troca de produção entre setores, do setor 50Hz para o 60Hz ou o
inverso, pode resultar em maior eficiência sem alterar a quantidade de
energia produzida.
Com menor gasto de água há um ganho de
queda, contribuindo também para a maior a eficiência do processo. Na
execução em tempo real da produção toma-se o cuidado para que as novas
correções e reprogramações que ocorrem também estejam alinhadas com a
maior eficiência, adequando o ponto de produção e mantendo a filosofia
de todo o processo. “Estes ajustes finos no ponto de operação só são
possíveis pela alta confiabilidade e disponibilidade de todos os
equipamentos da usina, fruto do projeto robusto e que conta com
manutenção correta, eficaz e pontual”, afirma o diretor-geral brasileiro
de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna.