Ambiente Energia – 01/02/2019
Desde sexta-feira (25) a população brasileira acompanha, consternada, os desdobramentos do rompimento de uma barragem de rejeitos de minério de ferro e o transbordamento de outra, em Ambiente Energia – 01/02/2019
A exemplo do que houve em 2015, quando tragédia semelhante
aconteceu em Mariana, no mesmo Estado, o debate sobre a segurança de barragens
voltou às manchetes.
A barragem da usina que mais gera energia no planeta entrou em
foco e surgiram questionamentos sobre a confiabilidade da estrutura da Itaipu
Binacional.
Por isso, a Itaipu vem a público tranquilizar a população de Foz
do Iguaçu e região e reiterar a mais recente avaliação do Board de Consultores
Civis – junta internacional de engenheiros com notório conhecimento em
segurança de barragem, convocados pela binacional a cada quatro anos para
analisar o desempenho das estruturas.
Segundo o veredito do grupo, anunciado no dia 30 de novembro de
2018, a ampla instrumentação, o acompanhamento em tempo integral e a dedicação
permanente de engenheiros e técnicos do quadro próprio da empresa fazem da
barragem de Itaipu uma das mais seguras do mundo.
“Podemos armar sem receio que, nesses 36 anos desde o enchimento
do reservatório, o trabalho de profissionais da Itaipu voltado à segurança da
barragem neste período continua garantindo uma estrutura plenamente segura, sob
controle e pronta para os novos desafios da usina, como a atualização
tecnológica e a possível expansão da capacidade instalada”, resumiu o
coordenador do Board, o engenheiro italiano Corrado Piasentin.
“Nossa equipe está atendendo rigorosamente às determinações do
Board e fazendo um bom trabalho”, avaliou o diretor técnico executivo da
Itaipu, Mauro Corbellini.
Diferenças
Há grandes diferenças entre barragens de hidrelétricas, como a
de Itaipu, e de rejeitos, como a de Brumadinho.
Barragem de rejeitos é uma estrutura de terra construída para
armazenar resíduos de mineração, formando um reservatório com substâncias
sólidas e água, sob a forma de lama, resultantes de processos de beneficiamento
de minérios.
O armazenamento desses rejeitos é necessário para evitar danos
ambientais. É construída a partir de um dique formado por materiais argilosos
ou rochas compactadas, com alteamentos (elevações) feitos para aumentar a
capacidade de armazenamento.
Barragem de hidrelétrica tem por finalidade represar e estocar
água, matéria-prima para a produção de energia, e obter o desnível necessário
para girar as turbinas das unidades geradoras.
A de Itaipu é feita de concreto, enrocamento (rochas) e terra.
Tem extensão de 7.919 metros e altura máxima de 196 metros, o equivalente a um
prédio de 65 andares. Consumiu 12,3 milhões de metros cúbicos de concreto. A
quantidade de ferro e aço utilizados permitiria a construção de 380 Torres
Eiel.
.
A segurança de barragem na Itaipu
As dimensões superlativas e a importância estratégica para
Brasil e Paraguai da usina de 14 mil MW de potência instalada zeram com que a
segurança de barragem fosse uma das prioridades na Itaipu, desde a fase de
projeto até a conclusão e manutenção da mega obra.
O monitoramento da segurança da barragem começou antes mesmo de
a primeira unidade geradora da usina ser instalada e continua sendo altamente
relevante – não apenas para manter e alongar a vida útil do empreendimento, mas
sobretudo para proteger a vida e o patrimônio nas proximidades da hidrelétrica.
O trabalho mobiliza diversos setores da Diretoria Técnica de
Itaipu, principalmente das superintendências de Obras e Engenharia. São
técnicos e engenheiros integralmente dedicados à segurança da barragem.
Eles inspecionam visualmente a estrutura, conferem possíveis
oscilações, analisam tecnicamente os dados apurados em campo, providenciam
reparos, quando necessário, e executam as determinações do Board de Consultores
Civis – entre várias outras atividades.
Quase 3 mil instrumentos espalhados por toda a estrutura –
alguns eletrônicos e monitorados em tempo real – fazem da Itaipu uma das usinas
mais bem equipadas do planeta para a segurança de barragem.
Apesar das diferentes formas, tamanhos e fins, os instrumentos
convergem no objetivo final: fornecer informações para diagnosticar o
comportamento da barragem diante da ação do tempo e da enorme quantidade de
água que ela tem de suportar.
Durante e após a construção da hidrelétrica, o aprofundamento
dos estudos motivou o surgimento de estruturas auxiliares de grande
contribuição para a binacional, como o Laboratório de Tecnologia do Concreto de
Itaipu (LTCI), instalado na usina, e o Centro de Estudos Avançados em Segurança
de Barragens (Ceasb), no Parque Tecnológico Itaipu (PTI).
Ambos colaboram para as atividades de segurança de barragem na
Itaipu e também levam à sociedade, especialmente à comunidade acadêmica, o
conhecimento adquirido em quase quatro décadas de cuidados constantes com a
estrutura da hidrelétrica.
Engenheiros de vários países vêm à Itaipu conhecer de perto esse
trabalho, que hoje é reconhecido internacionalmente e tornou a Itaipu
Binacional referência também em segurança de barragem. Entre eles, os chineses
da usina de Três Gargantas, a hidrelétrica de maior potência instalada no
mundo.
Reconhecendo a importância da segurança de barragem, a Itaipu
continuará investindo constantemente em capacitação e equipamentos para manter
sua estrutura plenamente segura e a população, tranquila.
Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a
Itaipu Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável,
tendo produzido, desde 1984, mais de 2,6 bilhões de MWh.
Em 2016, a usina brasileira e paraguaia retomou o recorde mundial
anual de geração de energia, com a marca de 103.098.366 MWh. Em 2018, a
hidrelétrica foi responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia
consumida pelo Brasil e de 90% do Paraguai.